sexta-feira, 18 de dezembro de 2020
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sexta-feira, 11 de dezembro de 2020
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quinta-feira, 3 de dezembro de 2020
Variações em "dó maior"
"Gostaria de te chamar "amor", Alexandra, mas não o posso fazer. Eras capaz de acreditar, e como necessitas de amor e de acreditar em alguém, eras mesmo capaz de acabar com o matulão que te faz ler Aragon... e eu não te amo, Alexandra, embora gostasse, neste momento, de te chamar "meu amor"... só porque tenho pena de ti... e de mim... e de tudo...(...)" - DAQUI:
in: "ANGÚSTIA PARA O JANTAR" (1961), de Luís de Sttau Monteiro.
.......
Variações em "dó maior" sobre o texto acima:
Gostaria tanto de te chamar "meu amor", Domitília, mas tu nunca acreditarias. Olharias os meus olhos de compaixão e ficarias com a certeza que eu estava a mentir. Lamento realmente de não poder imaginar beijar-te numa noite de luar. Olho para ti e vem-me à memória outros lábios, também carnudos como os teus, e toda a minha vontade perde-se no profundo desejo de estar lá, junta á outra. Como posso dizer-te "meu amor", sem tu me leres nos olhos a enorme desilusão expressa. E se, mesmo assim, não os soubesses ler, poderias, ainda, acreditar e largares tudo: o homem que te abraça todos os dias, chamando-te "querida", servindo-se do teu corpo, sem paixão ou, também, abandonares o teu mundo, tão preenchido de coisas fúteis, que eu não teria a paciência que reclamas todos os dias. A minha atenção está, sempre, noutro lugar. Vai, Domitília, deixa-me com pena de ti e de mim.
Deixa-me, antes que diga que sim...e morra tudo em ti e dentro de mim.
...
Sei que gostavas de mim. Acreditavas que a tua paixão, nascida na mais pura inocência, era fruto da minha presença assídua a casa dos teus pais. Olhavas-me
com aquele olhar derretido, enquanto me servias um Nescafé. Nunca gostei de Nescafé, mas tu não sabias. Tinhas aquele desejo de agradar nos mais pequenos gestos. Eras uma adolescente, como tantas, a sonhar um amor de puro encantamento. Ouvias na rádio o Nelson Ned e o Roberto Carlos a cantar aquelas canções melosas " Receba as flores que lhe dou/ Em cada flor.... tatatá" e lembraste-te
de me oferecer este "single". Eu, que nem gostava nada dessas músicas de constituição de família. Fugia a sete pés de compromissos. Queria era farra duma noite ou dum dia. Queria era sexo, livre, descomprometido e sem gravidez.
O meu e teu azar, foi ter conhecido, nessas noites de visitas, a tua linda vizinha da frente. Pois foi...a Domitília. Enchi-me de amores.
Depois...vias-me à noite parar, já não em casa dos teus pais, mas na casa da frente. Fiz-te tanto mal. Nunca deveria ter brincado com os sentimentos duma adolescente.
terça-feira, 1 de dezembro de 2020
...
Donde se acorda
Quando se morre.
E desse Sonho
Um Tempo sem fim
Todo, inscrito em mim.
domingo, 29 de novembro de 2020
vinte-vinte
enquanto se vive
no medo de viver.
neste mundo a sofrer.
nasce o dia
e a noite é uma vaga recordação
do que virá a acontecer.
entramos no último mês
com o pai-natal confinado em tele-trabalho
à espera dum outro amanhecer.
já só a esperança
que o vinte-vinte acabe
e um outro ano seja de mudança.
quarta-feira, 25 de novembro de 2020
O Mar
terça-feira, 10 de novembro de 2020
comentar
e as folhas brancas
perdem pegadas e rastos
poderiam com o seu bico
escrever sementes
e enraizar a terra
mas não
voam em círculos
como se do seu canto
fizessem chegar encanto
e, quando cansadas de voar
não é nas páginas
que se hão-de fixar
é um qualquer galho
que lhes dará poiso
até o vento as levar.
quarta-feira, 4 de novembro de 2020
café quente
café da manhã
quente
como as mãos
de quem sente
entre quatro paredes
na cama e na mente
a volúpia do amor
na pele
incandescente
terça-feira, 27 de outubro de 2020
Tempos de pandemia
Que as horas passam fechadas
Entre quatro paredes pintadas
Com medo de beijos e abraços
De quem connosco criou laços.
Confina-se o sentimento
Dá-se largas ao sofrimento
De quem só espera o momento
Dum sorriso, um olhar amigo
Um qualquer carinho antigo
Que faça desaparecer o perigo.
Perigo no ar, perigo no falar
Perigo também no tocar
Até quando? Nada será igual
Já não há como regressar.
segunda-feira, 26 de outubro de 2020
águas do morro
no desejo
desse beijo.
aquece
e cresce
quase brasa
soprada
na fogueira
do teu corpo.
águas mil
de abril
meus caracóis
em passos lentos
agurdam sóis
para perto
sentir aberto
o húmus
deste alimento:
sonho e firmamento.
domingo, 25 de outubro de 2020
nascente
depurada palavra
como se fosse minha na
e nos lábios cerrados
selarei todos os desertos.
sábado, 10 de outubro de 2020
hora de acordar
é aquela em que se acorda
e, do sonho vivo
vivido
em que se desperta
fica a felicidade de
ele permacer no respirar
do dia
acabado de chegar.
não sei
como a mente descansa
e dormindo
arquitecta o passado
como se fosse presente.
sei que tudo se mistura
num mundo panorâmico de
desejos e frustrações
algum calor
quando se sente amor.
houve dias que
apesar da bruma
as manhãs eram tão claras
que a luz se espalhava
uniforme
por todo o meu ser.
pode-se ser feliz
mesmo através do nevoeiro.
sábado, 15 de agosto de 2020
amigos
como os primeiros:
aqueles da escola e da guerra
foram sempre fiéis companheiros.
sexta-feira, 14 de agosto de 2020
partir é morrer um pouco
deixando parte de si, repartido.
parte, pensando consigo levar
o tempo de todo o lugar.
parte na ideia de um dia voltar.
quem parte, parte com
vontade de ficar.
parte, a sonhar na ilusão de,
lá longe, encontar... o mesmo lugar.
quarta-feira, 12 de agosto de 2020
...
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
Rosa Negra
e o Sol tinha acabado de cair.
acabava de deflagrar.
nestes 75 anos a lembrarem tanto mal.