domingo, 29 de novembro de 2020

vinte-vinte

o medo de morrer
enquanto se vive
no medo de viver.

neste mundo a sofrer.

nasce o dia
e a noite é uma vaga recordação
do que virá a acontecer.

entramos no último mês
com o pai-natal confinado em tele-trabalho
à espera dum outro amanhecer.

já só a esperança
que o vinte-vinte acabe
e um outro ano seja de mudança.

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

O Mar

 

foto SofiaA

Trago em mim o mar profundo 
Berço dum tempo esquecido 
Que só em sonhos embalam 
As mutações na pele sofridas. 

Todas as estrelas falavam dum mundo 
Maravilhoso. As cores dilaceravam 
Os corações. E os cheiros inebriantes 
Da terra, convidavam ao descanso. 

Ainda haverá esperança?

terça-feira, 10 de novembro de 2020

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poisam aves nas margens
e as folhas brancas
perdem pegadas e rastos

poderiam com o seu bico
escrever sementes
e enraizar a terra

mas não

voam em círculos
como se do seu canto
fizessem chegar encanto

e, quando cansadas de voar
não é nas páginas
que se hão-de fixar

é um qualquer galho
que lhes dará poiso
até o vento as levar.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

café quente

AQUI: o belo poema que suscitou este comentário, mais ou menos poético.



café da manhã
quente
como as mãos
de quem sente
entre quatro paredes
na cama e na mente
a volúpia do amor
na pele
incandescente