terça-feira, 30 de março de 2021

A Fonte


Antigamente
A água nascia
Debaixo da pedra
E ela corria
Pura, que se via
Na alma dela.

A fonte crescia
E mais tarde
Descia
Fresca
Aos lábios dela.

O rio esperava
Ainda sereno
Sem curvas
Sem medo
Colar sua boca
'A boca dela.

Assim namoraram
Assim se casaram.

Mas veio a chuva
Cheia de inveja
E do rio se riu
E da fonte, esqueceu.

E não satisfeita
Por pura maldade
Transbordou o rio
E a fonte morreu.

Morna

Dou o meu amor
A quem envolver
Esta dor
De gente
Esta trova
Dolente
Com guitarra
A tocar uma morna
Comovente.

Adornar o coração
Na emoção da canção.

Darei o que tenho
A quem vier ao que venho.

quinta-feira, 25 de março de 2021

a flor



Ao colher uma flor
do jardins por onde passo
comigo levo esse amor
no gesto simples que faço.

Mas ao captar tal beleza
efémera na minha mão
fica-me a firme certeza:
mais belas são onde estão.

quarta-feira, 17 de março de 2021

primavera

 

canta, cotovia  

a tua sinfonia

que o rio é lençol

de lodo no cais

entre canaviais

mas um quente sol.