Antigamente
A água nascia
Debaixo da pedra
E ela corria
Pura, que se via
Na alma dela.
A fonte crescia
E mais tarde
Descia
Fresca
Aos lábios dela.
O rio esperava
Ainda sereno
Sem curvas
Sem medo
Colar sua boca
'A boca dela.
Assim namoraram
Assim se casaram.
Mas veio a chuva
Cheia de inveja
E do rio se riu
E da fonte, esqueceu.
E não satisfeita
Por pura maldade
Transbordou o rio
E a fonte morreu.