Tenho medo das palavras, aquelas
que da alma se querem libertar,
como pássaros feridos e, doendo,
mesmo assim ainda querem voar.
Tenho medo que elas cumpram o destino
e permaneçam vivas para me atormentar.
Tenho medo das palavras, aquelas
que da alma se querem libertar,
como pássaros feridos e, doendo,
mesmo assim ainda querem voar.
Tenho medo que elas cumpram o destino
e permaneçam vivas para me atormentar.
onde o sonho renascia
e logo
logo se escondia
tudo ficou gravado
nas asas negras
da noite
nas águas misteriosas
do rio
estreitas margens
dos nossos pequenos dias.
e assim
no ar havia um nome
que de seu nome se esquecia
como sombra
dum destino que não conhecia.
lá, longe, até se fazer luz, qual
fénix da minha permanente nostalgia.
quando o dia se fez claro e
todos os sentidos
eram riachos de
águas nascentes,
nós, puros adolescentes,
não sabiamos de pecados
ou correntes,
nos nossos valores vigentes.
*****
Não há desespero, não!
Extinguem-se as horas
Nos relógios mecânicos
Enquanto a corda dura
E a vida corre
Louca
No movimento curvilíneo
De segundos.
Ponteiros
Por dedetrás dessa vida
Apontados ao momento
Sem pararem
Mas aprisionando o pensamento.
****
Tão perto e tão longe
Intocável
O imaginável da infância
Desfocavel
Como se outra vida
Habitasse
Um corpo que mente
À gente
E uma mente por vezes ausente
Que teima
Em construir castelos de areia
Com a raíz do pensamento
escondida em cada teia.
31.mai.2023
*****
Pequeno rio
Era uma mera lembrança
Tempos dum rio de criança
Que naquelas águas corria.
As palavras escritas de mel
Derretidas em barco de papel
Mataram a sede que os unia.
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