terça-feira, 30 de novembro de 2021

esperar...

vi-a ainda sem a ver ou, melhor, 
pressenti-a.

estava aconchegada por dentro da
casca fechada.

sem uma certeza de poder expandir a
sua tão debil pureza, esperava.

era tão dócil o seu tacto que toda a
aspereza inicial se desfazia.

filtrava nas mãos o desejo de ser 
germinada, possuída, desejada.

era uma simples semente caída da
palmeira sobre a relva do jardim.

domingo, 28 de novembro de 2021

maldade

por vezes os elefantes choram

choram em silêncio

para que da sua tristeza

os caminhos construídos

não sejam a sua procura

a sua morte prematura.


ensinam os filhos 

a afastarem-se

da maldade humana.

terça-feira, 16 de novembro de 2021

de lábios cerrados

Não me peças palavras.

Todos os silêncios viajam mais longe

E se repetem em ecos de liberdade

Quando os dias são de incertezas

E os ventos perdem rumos de nós.


Deixa-me repousar por ti o meu olhar

E em tua pele descobrir a invisível certeza

Dum sol que nunca se deveria apagar

Esquecer a dor e aquecer esse nosso amor.


É no silêncio que mais oiço a tua voz

Dentro de mim

Como se fosses essa linguagem 

Que me habita

E traz a paz de quem necessita.



segunda-feira, 8 de novembro de 2021

a idade da árvore

Já não as mãos

da criança

com brinquedos de madeira.

Só mãos sulcadas de rugas

e veios

na aridez da terra.